Desde que nos separamos, acrescentou de repente, forçando ou buscando um tom natural — desde que nos separamos fui para a cama com dois homens. Eu não estive com nenhum, respondi, fazendo graça. Então você não mudou muito, disse ela, rindo. Mas estive com duas mulheres, disse eu. A verdade é que foi só uma. Menti, talvez para empatar. E no entanto não pude levar o jogo adiante. Só a ideia de te imaginar com alguém é insuportável, disse eu, e foi complicado, depois, preencher aquele silêncio.

Eu me lembro de quando ela se foi. Supõe-se que seja o homem a deixar a casa. Enquanto ela chorava e empacotava suas coisas, a única coisa que me ocorreu dizer foi esta frase absurda: Supõe-se que seja o homem a deixar a casa. De alguma maneira sinto, ainda, que este espaço é dela. Por isso para mim é tão difícil viver aqui.

Voltar a falar com ela foi bom e talvez necessário. Contei sobre o novo romance. Disse que no começo avançava a passo firme, mas que aos poucos tinha perdido o ritmo ou a precisão. Por que não o escreve de uma vez?, me aconselhou, como se não me conhecesse, como se não tivesse estado comigo ao longo de tantas noite de escrita. Não sei, respondi. E na verdade não sei mesmo.

O que acontece, Eme, penso agora, um pouquinho bêbado, é que espero uma voz. Uma voz que não é a minha. Uma voz antiga, romanesca, firme. Ou então é que eu gosto de estar no livro. É que eu prefiro escrever a já ter escrito. Prefiro permanecer, habitar esse tempo, conviver com esses anos, perseguir longamente imagens esquivas e examiná-las com cuidado. Vê-las mal, mas vê-las. Ficar aqui, olhando.


Alejandro Zambra.

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